Longarina, o Shaper

Por Gabriel Pierin

Nascido em Belém do Pará, em 1951, Luiz Fernando de Oliveira e Silva, o Longarina, chegou a São Vicente aos três anos de idade. Foi na praiana e histórica cidade que Longarina cresceu e viveu com a família. Aos 11 anos, o menino descobriu o surfe na revista Seleções da Reader’s Digest, produção norte-americana que trazia matérias inovadoras, como os Cavaleiros das Ondas do Mar, que contava a história dos reis havaianos. A imaginação começou a libertar o espírito do paraense.

Foi no verão de 1965 que Fernando viu pela primeira vez o surfe em São Vicente, numa tarde de sábado, quando os amigos Sérgio Heleno, Di Renzo e Paulo Miorim surfavam no Itararé com uma prancha “caixa de fósforo” amarela. Nas idas e vindas para a praia Fernando também conheceu os surfistas Dudu e Carlinhos Argento, Eduardo Faggiano, o Cocó, os irmãos Chico e José Carlos Paioli, Cidão, Kizumba e outros pioneiros do surfe vicentino.

As pranchas de madeirite começavam a se popularizar na Ilha de São Vicente. Fernando aprendeu a fazer prancha com o amigo João Carlos Kubas e ingressou ao mundo do surfe. Porém foi com a descoberta de Geraldo Faggiano, o professor Geraldo, que a mudança aconteceu em sua vida. Com ele Fernando conheceu a fibra de vidro e tornou-se um shaper trabalhando com Nelson Exel, criador da Nel Surfboard. O apelido Longarina apareceu nessa época, dado por Vicente Ferraro.

No início da década de 1970, Longarina trabalhou na oficina de Homero Naldinho. O visionário mestre-artesão fabricava sua própria espuma de poliuretano (Superfoam) e conquistava muitos surfistas com suas inovações. O ritmo de trabalho era intenso e foi interrompido com um acidente sofrido no mar, em 1978. Longarina teve o rim perfurado pelo bico de uma prancha.

Foi na La Barre que a volta aconteceu no começo dos anos de 1980, na cidade de Itanhaém, litoral sul de São Paulo. E de lá para a Star Model, propriedade de Paschoal e Delton Menezes. Já na década de 1990, Fernando fez as malas e foi para a Venezuela. Ele aceitou o convite de um amigo e trabalhou como shaper na Martim Surfboard. Na volta do país caribenho, Longarina foi para New Advanced, de Almir Salazar.

Foi com um longboard New Advanced feito por Longarina que Picuruta consagrou-se campeão mundial pelo ISA World Surfing Games, em 1998. Outras pranchas de Longarina desbravaram a pororoca do rio Amazonas com o campeão mundial. A fama de Longarina percorreu o Brasil. Ele atendeu ao chamado de Armando Jaguary da Fluid Energy Surfboards. A empreitada na Energy foi o seu ingresso para fazer parte da equipe de shapers da Viking Surfboards.

Depois de uma temporada na Viking de Christian Wolthers, Longarina trabalhou por conta própria. Em 2009 um novo desafio. O Stand Up Paddle começava a se popularizar. Longarina recebeu o convite de Neco Carbone para trabalhar na Gzero, em Guarujá, especialmente para a família Pacelli: o big rider Jorge Pacelli e sua filha, Nicole Pacelli, primeira campeã mundial da história do SUP, no Havaí, em 2013.

Longarina está com 70 anos e vive ao lado da esposa Yara, na Praia Grande. O surfe da realeza que saiu das páginas da revista Seleções ainda segue vivo nas mãos poderosas do shaper.

Veja também:

TERRAL, UM FILME DE KLAUS MITTELDORF

Por Gabriel Pierin @gabriel_pierin Filho de um alemão com uma paraibana descendente de suecos, Klaus Mitteldorf nasceu em São Paulo, no dia 23 de junho

Cisco Araña, Longboard Bossa Nova

Assistam e prestigiem a história de um dos legend soul surfer santista. Oportunidade para quem não assistiu nas telonas ou para quem quer contribuir com

Scooby, o surfe no BBB

Por Gabriel Pierin Pedro Henrique Mota Vianna, conhecido popularmente como Pedro Scooby, pela semelhança com o Scooby-Doo do desenho animado, é um freesurfer brasileiro, considerado