Pioneiro do Surfe no Peru, 1938

Por Gabriel Pierin

Carlos Enrique Dogny Larco nasceu em 25 de julho em 1909, em Lima, no Peru. Ele passou a infância no bairro de Barranco, mas concluiu o ensino médio na França. O peruano voltou para a América onde cursou a faculdade de engenharia agrícola e o doutorado em economia, nos Estados Unidos.

Dogny trabalhou no escritório do seu tio, Rafael Larco, em Nova York. O talento mostrou-se promissor para os negócios, mas uma paixão antiga cruzou seu destino. A equipe francesa de polo passou por Nova York a caminho de um torneio no Havaí. Dogny era um excelente cavaleiro com grande habilidade no polo e recebeu o convite para se juntar à equipe.

Foi defendendo as cores da França que Dogny chegou pela primeira vez às Ilhas do Havaí. Depois de uma competição acirrada ele descansava no hotel quando viu um grupo de havaianos deslizando nas ondas da baía sobre suas grandes pranchas de madeira.

Tomado de entusiasmo, Dogny aproximou-se do grupo e descobriu mais sobre a cultura ancestral da realeza havaiana. Enquanto observava o movimento do mar, um dos surfistas pegou uma grande onda e deslizou com graça e habilidade incomparáveis. Ele saiu da água e passou por Dogny. O surfista havaiano era imenso, com peito largo e um bronzeado profundo do sol. Dogny deu um passo à frente, ofereceu sua mão e o nativo retribuiu o gesto. Era ninguém menos que Duke Kahanamoku. Generoso

 como sempre, Duke se ofereceu para dar a Dogny sua primeira aula de surfe.

Na manhã seguinte, eles entraram nas águas agitadas da praia de Waikiki e Dogny começou a praticar o surfe. O peruano aprendeu rápido e Duke concordou em lhe vender sua prancha, fabricada por outro pioneiro do surfe, o lendário Tom Blake.

De volta a Nova York, Dogny mergulhou no trabalho, mas não conseguiu se livrar da ideia de viajar novamente ao Havaí para continuar surfando. Depois de tornar realidade o seu desejo, Dogny voltou ao Peru e trouxe o surfe consigo. Ele despachou sua prancha – que tinha mais de 13 pés de comprimento e pesava mais de 110 libras – no navio japonês Umaru e se preparou para fazer história.

Carlos Dogny Larco começou a surfar as ondas peruanas com sua prancha havaiana no verão de 1938. Caminhando ao longo do calçadão, ele observou a linha interminável de ondas de Miraflores como se estivessem lhe esperando há séculos. A praia tinha a combinação perfeita para o surfe: boas ondas e água quente. Pouco depois, Dogny teve sua primeira sessão de surfe no mar peruano.

Sem saber que estava trazendo de volta uma tradição de cinco mil anos do seu país, em entrevista ao jornal La Crónica, no domingo, 16 de dezembro de 1962, ele confessou: “Cansado de vagar pelo mundo em busca de novas emoções no esporte, me encontrei na encantada ilha do Havaí, onde a prática do surfe é patriótica e, mais ainda, aristocrática. Por muito tempo, a habilidade do surfe tem sido usada como o fator decisivo quando os reis escolhem seus generais. Fiquei fascinado e aprendi a dominá-lo e, aonde quer que fosse, procurava encontrar as condições certas para praticá-lo. Nunca teria pensado que Miraflores fosse o local ideal para praticar este desporto apaixonado, que nos dias de hoje tem tido muitos surfistas que visitam a sua praia, e cada dia mais adeptos”.

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