A História da prancha Glaspac

Os dias se seguiram e a diversão com a prancha caixa de fósforo inaugurada na Praia do Pernambuco continuou na Praia do Itararé, em São Vicente.

Naquela época, além do modelo caixa de fósforo (prancha oca de madeira), as pranchas feitas a partir das tábuas de madeirite, mais fáceis de fazer, se tornaram febre nas diversas praias santistas e o surfe se popularizou cada vez mais entre os jovens.

Apesar disso, Paulo Miorim e os amigos já sabiam que as melhores pranchas eram fabricadas com fibra de vidro. Descobriram um exemplar da prancha havaiana Tiki na garagem de barcos do primo do Sérgio Heleno. Uma peça que seria o elo para o desenvolvimento do novo modelo.

Eles buscaram uma indústria que fabricava peças de fibra de vidro, em Santo Amaro, a Glaspac. A ideia era levar a prancha Tiki para que a empresa fizesse o molde. Em troca eles teriam três exemplares, os protótipos da nova prancha.

A viagem se transformou em uma verdadeira saga. Miorim pegou a Vemaguete (perua DKW) escondida do pai e junto com os amigos Sérgio Heleno e Di Renzo amarraram a prancha no teto do carro e seguiram para São Paulo, pela Via Anchieta.

Na Glaspac foram recebidos por um dos proprietários, um brasileiro descendente de ingleses. Naquela segunda-feira, ficou combinado que a empresa devolveria a prancha três dias depois, tempo suficiente para construir o molde.

A viagem de volta seguiu pela avenida Jabaquara. O trajeto passaria pela Vergueiro, mas no entroncamento, a Vemaguete se envolveu em um acidente. O plano feito às escondidas ganhava um novo contorno, mas com final feliz.

Na quinta-feira, a ansiedade tomou conta dos rapazes. As pranchas entregues eram ocas, com uma longarina de madeira e não foram aprovadas. Uma nova negociação se seguiu e a empresa, confiante no potencial desse mercado, se dedicou na construção do modelo desejado.

A Glaspac fabricou a prancha que se tornaria campeã de vendas. Feita com poliuretano e manta de vidro, a prancha foi um marco no desenvolvimento do esporte no estado de São Paulo.

Contudo, essas pranchas ainda não eram shapeadas. O poliuretano era injetado no interior das placas de fibra de vidro.

A fabricação de pranchas feitas a partir de blocos de poliuretano com o talento artesanal dos “shapers” foi uma inovação. O papel desses artesãos, responsáveis pelo salto qualitativo e aumento da performance dos praticantes e atletas, será conhecido nos próximos capítulos.

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