Penho e o surfe no mundo

Por Gabriel Pierin

Carlos Eduardo Siqueira Soares, o Penho, descendente de árabes e portugueses, nasceu em 17 de março de 1946, no Rio de Janeiro. O pai, médico, tinha uma clínica em Botafogo e a mãe era professora de Educação Física.

Influenciado por eles, o menino começou a nadar muito cedo no Fluminense. A atividade começava às 5 da manhã e de lá ele seguia para o Colégio Andrews, na Praia do Botafogo. O Rio de Janeiro e suas belezas naturais era um convite para matar as aulas e passear de lancha pela Baía da Guanabara. Para que o menino não ficasse à toa, o pai o colocou no escotismo. Ele aprendeu os princípios de ecologia e hiking, ganhou preparo e novas especialidades.

O surfe apareceu nessa época. Penho passava muito tempo na casa de uma prima em Copacabana, onde começou pegando ondas de peito. A partir daí se empenhou na construção de pranchas. Na casa de veraneio da família em Guarapari, no Espírito Santo, funcionava sua pequena fábrica de experimentos. Essa paixão começou ainda na década de 1960 com as pranchas ocas de madeira, estilo Tom Blake. Ele levou uma revista Popular Mechanics para um carpinteiro da região.

No Rio, Penho se enturmou no Arpoador e compartilhou do conhecimento do pessoal com as pranchas de compensado naval, feitas por um carpinteiro na Ilha do Governador, descoberto por Irencyr Beltrão. A partir de 1964 começaram as pranchas de fibra. Era tudo na base da tentativa e erro. No final da década, os surfistas cariocas descobriram as ondas perfeitas de Saquarema, mas Penho queria ir mais além. No Rio ele conheceu alguns peruanos e seu espírito de escoteiro aventureiro o levou a desbravar caminhos distantes e desconhecidos.

Em busca da emoção, Penho saiu do Brasil em junho de 1967 e chegou ao Peru passando pela cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra. Em Lima, passou a morar com os surfistas Sérgio “Gordo” e Carlos “Flaco” Barreda. Ele aprendeu a trabalhar com resina e consertar pranchas. O Club Waikiki era o centro irradiador do surfe no país que já tinha o primeiro campeão mundial, Felipe Pomar, de quem se tornou amigo.

Da capital peruana, Penho ingressou numa surf trip até o norte do país, na desconhecida praia de Chicama. De lá ele se separou do grupo e seguiu com dois americanos para o Equador.

De volta a Lima, Penho deu entrada nos Estados Unidos. Ele chegou a Nova Orleans, viajou para a Flórida e atravessou para a costa oeste pegando carona. Uma viagem arriscada e perigosa até a sonhada Califórnia. Lá ele foi recebido pela mãe de Peter Johnson, que conheceu fazendo intercâmbio no Brasil. Ela era presidente do Windansea Surf Club da Califórnia e conseguiu uma passagem para o Havaí, além da inscrição para o campeonato de iniciantes de Makaha.

O Havaí vivia uma verdadeira transformação no surfe, a “Shortboard Revolution”. As pranchas diminuíram de tamanho e as manobras se tornavam cada vez mais radicais, uma forte influência dos surfistas australianos. Enquanto esteve lá, Penho trabalhou na Pacific Surfboards, fez uma prancha 7’2’’ e trouxe a revolução das mini models na bagagem. Ele foi o primeiro a introduzir o movimento no Peru e depois no Brasil, mudando a história do surfe no hemisfério sul.

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