Pioneiros – Década de 1960: O início

Gabriel Pierin

Manoel dos Santos Junior partiu de Tóquio para Los Angeles, nos Estados Unidos. Na terra das grandes produções cinematográficas iria reencontrar o seu treinador Minoru Hirano para depois retornar ao Brasil. O convite para fazer uma escala no Havaí era irrecusável. A magia das ilha havaianas estava nos cinemas e no imaginário do jovem atleta.

Nascido em Guararapes e criado em Andradina no interior de São Paulo, o menino aproveitava as tardes livres assistindo aos filmes do ídolo das telonas, o ator Johnny Weissmuller, imortalizado como Tarzan. Johnny ganhou cinco medalhas de ouro na natação nas Olimpíadas de 1924 e 1928. Como seu pai era o dono do cinema, Manoel pedia para o operador de máquinas passar e repassar as fitas inúmeras vezes. Inspirado, o Tarzan de Andradina saía do cinema e mergulhava na Lagoa do Ramalho.

Manoel dos Santos Junior

Manoel mudou-se para Rio Claro para estudar e nadar, por recomendação médica. Nascia ali um campeão. Sua performance nas piscinas chamou a atenção. Aos 13 anos entrou para a equipe de competição e dois anos depois participou dos Jogos Pan-Americanos no México. Em 1957, buscando melhores condições, Manoel veio para Santos. No Clube Internacional de Regatas treinou com Adalberto Mariani e depois com o japonês Minoru Hirano, seu grande mestre.

Em 1960, Manoel conquistou a medalha de bronze nas Olimpíadas de Roma. Um ano depois, bateu o recorde dos 100 metros livres. Manoel era destaque no cenário internacional. Ainda em 1961, foi para Tóquio disputar o Campeonato do Japão. Na volta, o convite para competir no Havaí.

Foi lá, em Waikiki, que Manoel praticou o surfe pela primeira vez. Ele alugou uma prancha enorme e se arriscou no mar. Foi uma experiência maravilhosa. Na volta, de passagem por Los Angeles, realizou o sonho da infância e conheceu pessoalmente a estrela do cinema, Johnny Weissmuller.

Quando voltou ao Brasil contou as novidades para o amigo Jô Hirano, filho do seu treinador. Jô ficou entusiasmado. Inventivo, tomou a iniciativa de construir uma prancha de surfe. Eles fabricaram as primeiras pranchas de isopor com reforço (longarina) de madeira. Para isolar o isopor da resina, os jovens aplicaram fitas e mais fitas de durex. Frágeis, as pranchas não duravam muito.

Manoel já tinha se aposentado das piscinas. Ele aproveitava as manhãs e ia muito cedo para o Canal 1 ou Itararé pegar onda com o amigo Jô. Algumas vezes, um grupo de curiosos ficava na areia assistindo. A influência do nadador, ídolo de uma geração, provocou uma onda de transformação no esporte em Santos e São Vicente.

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