Pioneiros – Parte 2

Por Gabriel Pierin

O tempo foi passando e o desejo de dominar as ondas crescia dentro de Thomas Rittscher Junior, o Tommy. Nas idas e vindas para o Clube de Regatas Saldanha da Gama, Tommy observava, pela janela do bonde, as ondas do mar quebrando gentilmente. Os jardins da orla estão em construção, dando um novo contorno e colorido para a praia. As estações marcavam o ritmo da vida.

O verão chega. Tommy e a irmã Margot tiram a prancha da garagem e resolvem se aventurar pela praia do Gonzaga. Era lá que se reuniam a mocidade santista e os turistas hospedados nos badalados hotéis Atlântico e Parque Balneário, frente ao mar.

O casal de irmãos logo chamou a atenção. A beleza de Margot, o porte atlético de Tommy e a enorme prancha surpreenderam os banhistas e ciclistas que pedalavam pela areia da praia. Entre eles estava um santista, João Roberto Suplicy Hafers, o Jua. As famílias de Tommy e Jua se conheciam bem.

Jua e Osmar

Jua Hafers, nascido em 1922, descendente de franceses e alemães, era neto de Luiz Suplicy e filho de João de Magalhães Hafers, um bem-sucedido comerciante da praça cafeeira. Jua estava com sua turma de amigos na barraca de praia Grupo dos Graussás (a primeira de Santos), avistou-os de longe e ficou hipnotizado pela cena. Ao se aproximar dos irmãos se deu conta da dimensão daquela tábua havaiana. Recordara do velho cartão postal enviado pelo seu querido tio em viagem pelo Havaí. O retrato estava materializado a sua frente. A tábua havaiana lembrava as tradicionais canoas outriggers dos lendários havaianos da foto do postal.

Encantado, Jua quer construir sua própria prancha. Ele descobre a revista com o projeto da tábua havaiana. Com a revista em mãos, Jua se reúne com os amigos Osmar Gonçalves e Sílvio Malzoni. Todos de famílias ligadas ao café. Eles vão procurar o tio de Jua, Tom Simonsen, que mantinha uma oficina de carpintaria montada no fundo de sua casa. Tom, nascido no Guarujá e criado na Inglaterra, gerenciava o Escriptorio Suplicy do sogro. Ao lado de Tom estava um velho amigo da família, Júlio Pulz. Dono de um estaleiro naval, Pulz vai auxiliar na construção.

A prancha fica pronta em meados de 1938. Uma verdadeira obra de arte. Eles estão ansiosos para estreá-la e escolhem um dia ensolarado para colocar a prancha no mar. Jua, Osmar e Sílvio, brasileiros e santistas, divertem-se deslizando sobre as ondas, enquanto escrevem as primeiras linhas da história do surfe no Brasil…   

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